sexta-feira, 27 de março de 2009

É preciso pensar para acertar, calar para resistir e agir para vencer.


Finalmente encontrei tempo para escrever um pouco, pois a vida de monge não è fàcil: Fazemos todas as horas da liturgia das horas e juntamente com as demais atividades da nossa comunidade e a oração pessoal te deixam praticamente sem tempo para outras coisas, por isso peço a sua compreenção se não escrevo com frequença, mas é por falta de tempo.
Continuando da onde parei: Deus me fez conhecer esta realidade chamada teologia da libertação e como eu vinha de uma experiencia com movimentos apostòlicos, praticamente fui convidado a me retirar do seminàrio porque alguém tinha feito alguma fofoca sobre mim, dizendo que eu estava dando escândalos no seminàrio. Naquele momento iniciava mais um inverno: o reitor me disse que eu era convidado a ir embora e durante o pròximo ano fazer um acompanhamento psicològico com a psicòloga do seminàrio, mas isso eu jà fazia, sendo assim tal justificação era sò uma forma delicada de me mandar embora. Saindo da sala do reitor não disse nada a ninguém e fui rezar, e alì na minha oração eu pedì a Deus que me desse forças pra passar por este momento de prova, dor e tristeza com alegria no coração pois os cristãos sofriam mas não perdiam a alegria. Eu disse pra Deus naquele momento que não queria saber o porque, mas sim o para que Ele estava fazendo aquilo comigo: para a minha conversão, para testar a minha fè? Para testar o meu amor pela Igreja? Sendo assim, eu aceito aquilo que me dàs Senhor.
Chegando o final do ano o reitor comunicou aos outros seminaristas que eu estava deixando o seminàrio e todos me perguntavam o porque de tal decisão, e eu respondia que Deus tinha alguma coisa pra mim no pròximo ano, que era o ano jubilar. Sofrì muito porque retornando a casa eu não podia falar para a minha famìlia o porque tinha vindo embora, porque eles ficariam com òdio da Igreja e não iriam mais à missa. Diante de tal situação eu me reuni com alguns amigos da Rcc e que eram mais que amigos, eram irmãos. Eles me escutaram, rezaram e me sustentaram na fé. Alì eu pude vivenciar a palavra de Deus que diz que “Quem encontrou um amigo encontrou um tesoro”. Retornando na minha comunidade todos me perguntavam porque eu tinha deixado seminàrio e eu dizia que tinha pedido um tempo, pois Deus tinha algo pra mim e eu precisava discernir, mas a realidade é que, eles me conheciam e sabiam da minha vocação e para tais pessoas entenderem que a mesma Igreja que precisa de vocações manda embora aqueles que eles acreditavam que tinha vocação è algo muito difìcil, sendo assim, preferì não dizer nada por amor à Igreja para que ninguèm se magoasse ou deixasse de frequenta-là.
O tempo passou e decidi ir atè o bispo e pedì a ele pra continuar estudando como leigo no Instituto da Arquidiocese, assim eu não perderia tempo com os estudos. Ele me deu o seu sim, mas iniciava mais um problema: precisava pagar a universidade e naquele perìodo eu estava sem emprego. O meu pàroco me disse que a paròquia iria assumir 50% do dinheiro nescessàrio e o restante assumiria a minha comunidade de origem e em troca eu ajudava na estruturação pastoral da paròquia. Aconteceu que neste perìodo o meu pàroco foi estudar em Roma e as mensalidades da universidade ficaram atrasada e como aquele ano era o ano jubilar, no qual a Igreja pregava o perdão das dìvidas, tomei a atitude de ir até a pessoa responsàvel pela Universidade na qual estudava e disse que infelizmente eu não tinha condições de pagar a dìvida contraida porque estava desempregado e infelizmente o meu pàroco tinha ido prà Roma e a mensalidade tinha atrasado. Pedì humildemente o perdão da dìvida a essa autoridade eclesiàstica me disse que não era possìvel, que se eu tivesse realmente vocação poderia deixar tudo, encontrar um trabalho, pagar a dìvida e depois retomar os meus estudos. Naquele momento eu falei pra ele que não era isso que eu esperava pra mim, pois se atè mesmo conseguisse encontrar um emprego com o salàrio que receberia não daria pra pagar tal divida.
Recordo-me, que mais ou menos neste perìodo chegava na nossa diocese um padre que vinha de Roma e me encontrando, me convidou pra fazer uma experiencia em uma Comunidade Monastica de Rito Bizantino. Eu não conhecia nenhum outro rito que não fosse o latino, e sem saber bem o que era isso, disse pra ele esperar um pouco, pois estava rezando pra que Deus me mostrasse aonde Ele me queria, e entre algumas opções o meu discernimento foi se reduzindo, ao ponto de começar a pensar que realmente a vontade de Deus era que eu fosse pra Roma. Minhas dùvidas eram grandes: como farei pra pagar as passagens, conseguirei me adaptar a realidade da Itàlia, resistirei a saudade de casa e dos amigos, aprenderei italiano? mas a principal pergunta era se isso era o que Deus queria pra mim, pois na minha vida eu aprendi que um discernimento errado tras infelicidade não sò pra si mesmo mas também para as pessoas que se encontram ao nosso redor e sendo assim, começei a pedir a Deus que me mostrasse a estrada justa.
Naquela epoca eu tive a oportunidade de ir ao Congresso Nacional da RCC em Aparecida, e alì juntamente com os irmãos em Cristo pude contemplar o poder de Deus manifestado mais uma vez na minha vida. Era um dia como todos os outros no qual estavamos vivenciando o poder de Deus e eu decedì ir na Secretaria Rafael para que eles rezassem por mim. E alì, uma das pessoas me perguntaram por qual motivo eu gostaria que eles rezassem, respondì que eles simplismente rezassem e escutassem o que Deus tinha pra mim não falando nada sobre a minha vocação. Qual foi a minha surpresa, quando apenas iniciada a oração alguém me disse: Deus me dà uma visão de você que caminha em uma estrada e quer ver o que tem depois da curva, mas para ver o que tem depois da curva você deve caminhar até a curva e sò assim conseguirà ver o que vem depois da curva. Imediatamente intendì que Deus me chamava a vir atè a curva chamada Itàlia, pois sò assim eu poderia contemplar a sua vontade. Não bastava imaginar que coisa aconteceria se eu viesse para Itàlia, Deus me chamava a dar um passo na fé, seguir atè a curva pra alì contemplar a vontade de Deus.
Amado irmão tenho que ir estudar, mas prometo retomar a nossa partilha assim que possivel.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A oração é a força do homem e a fraqueza de Deus


Hoje é domingo e inicia mais uma semana, e por incrìvel que pareça o sol resolveu aparecer depois de tanta chuva, penso que finalmente o inverno irà embora trazendo a primavera. Parece que tudo começa a mudar, do frio ao calor, das plantas secas sem folhas às flores coloridas. Penso que Deus usa da natureza para nos formar, pois quem nunca passou por perìodos que pareciam verdadeiros invernos: sem vida, sem fruto, as folhas de esperança caem e quando nos demos conta estamos secos, incapazes de acreditar que poderiamos sobreviver a tamanha geada.
Assim como a natureza, nòs também temos o nosso ciclo de vida, que em alguns momentos são belos e intensos e em outros são mais calmos, tranquilo. Deus na sua infinita misericórdia, fez com que eu passase por um rigoroso inverno para que eu podesse um dia cantar como Maria “O Senhor fez em mim maravilhas”. E’ isso mesmo meu amado irmão, continuando a partilha da minha história de vida de onde parei: eu tinha feito a experiência do Amor de Deus que de uma certa forma tinha mudado radicalmente a minha vida e em pouco tempo eu me tornei coordenador daquele grupo de oração no qual tinha iniciado a minha caminhada, e assim iniciei a minha formação para conduzir o povo de Deus rumo a terra prometida, e quantos desafios tivemos de enfrentar para que a graça de Deus chegasse até os corações dos nossos irmãos. Foram perseguições e làgrimas mas no final conseguimos ver a Glória de Deus, o Grupo de Oração crescia na graça e no conhecimento de Deus.
Com o passar do tempo, eu começei a sentir o chamado de servir a Deus mais de perto, dedicando todo o meu tempo Áquele que se deu todo por mim sem reservas e assim começei a fazer um discernimento para ver o que o Senhor queria de mim. Fiz encontro vocacional na Canção Nova e pensavo que alì fosse o meu lugar, mas Deus não me quis alì. Foi um momento muito dificil pra mim pois chegava o inverno na minha vida vocacional. Vi as folhas da minha segurança cairem pouco a pouco, e em um instante me encontrei sem saber o que fazer jà que tudo o que eu acreditava não existia mais, vieram os questionamentos: Serà que eu não tenho vocação? Foi tudo uma invenção minha? Serà que isso é fuga? Jà que depois da Canção Nova eu fiz encontro vocacional na comunidade Javé Salvador e alí também não era o meu lugar. Como última opção fiz encontro vocacional no Seminàrio Diocesano e depois de um estàgio vocacional entrei no propedêutico, perìodo anterior a filosofia. Consegui ser admitido ao 1° ano de filosofia apesar de uma rigorosa seleção, e alì no seminàrio começei a ver uma outra face da igreja, que eu jà conhecia mas não de forma radical como me estava sendo apresentada até então, que era a Teologia da Libertação. Agora tenho que ir pra aula, mas prometo continuar a partilha em breve.